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Pe. Antônio Viera (1608-1697)

Padre Antônio Vieira (1608-1697) foi um jesuíta, orador e escritor português, reconhecido por sua obra literária e atuação como defensor dos direitos dos indígenas e negros no Brasil. Imigrou para o Brasil em 1614 e ingressou na Companhia de Jesus em 1623. Sua obra abrange questões religiosas, sociais e políticas do período colonial.


O século XVII foi marcado por grandes transformações: a União Ibérica (1580- 1640), a economia baseada no cultivo do açúcar, as invasões holandesas e os conflitos como as Insurreições Pernambucanas. Vieira se destacou criticando a escravidão e defendendo a integração dos povos indígenas à sociedade colonial.

Estrutura Literária

A estrutura literária do Padre Antônio Vieira é marcada por um estilo barroco peculiar, que se destaca pela complexidade, pela riqueza de figuras de linguagem e pela força argumentativa. Seus sermões, obras mais conhecidas, seguem um modelo estrutural bem definido:

Estrutura dos Sermões:

Legado

Vieira foi um grande escritor e defensor dos direitos humanos, principalmente dos indígenas e negros. Ele criticou a escravidão e defendeu a integração dos povos nativos à sociedade colonial. Suas ideias moldaram o pensamento político e religioso do período.

Obras

Sermões

Vieira escreveu mais de 200 sermões. Entre os mais famosos estão:

  • Sermão da Sexagésima: Reflexão sobre a pregação da palavra de Deus.
  • Sermão do Bom Ladrão: Aborda temas como perdão e redenção.

Trechos Sermões (1/2)

Sermão da Sexagésima

  • "Palavra de Deus, que é como o raio, que parte a nuvem, e não se ouve; e palavra de homens, que é como o trovão, que parte o ar, e se ouve."
  • "O pregar há de ser como o semear, e não como o ladrilhar. Ladrilham-se as palavras, para se verem; semeiam-se para nascerem."
  • "Muitos pregadores semeiam palavras, e não semeiam obras; e por isso não colhem fruto."

Trechos Sermões (2/2)

Sermão do Bom Ladrão

  • "Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigos: os outros se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam."
  • "O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres."  
  • "Se os ladrões de grande poder e mando se hão de condenar, quantos se hão de salvar? E se os que roubam pouco se hão de salvar, quantos se hão de condenar?"

Cartas

Vieira escreveu mais de 700 cartas tratando de temas políticos, sociais e eclesiásticos, destacando-se como diplomata e defensor dos direitos humanos.

Esperanças de Portugal (1661):

Obra que reflete a visão de Vieira sobre o futuro espiritual de Portugal, com a missão divina de redimir o mundo.

  • "O Quinto Império há de ser um império universal, não de armas e de conquistas, mas de fé e de justiça. Será um tempo de paz e de harmonia, em que todos os povos se unirão sob a mesma lei divina. Portugal será o centro desse império, pois é a nação escolhida por Deus para liderar a renovação do mundo."

História do Futuro (1660-1670):

Reflexões proféticas sobre o destino de Portugal e o papel divino do país no contexto mundial.

  • "Só digo que, quando assim suceder, perderá esta nossa história gloriosamente o nome, e que deixará de ser história do futuro, porque o será do presente."