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Gregório de Matos (1636–1696)

Nascido em Salvador, Bahia, em 1636, Gregório veio de uma família de ascendência portuguesa e teve acesso a uma educação privilegiada. Em 1650, foi enviado para Portugal, onde estudou na Universidade de Coimbra e se formou em Direito. Após concluir seus estudos, exerceu a advocacia e chegou a ocupar cargos importantes na administração portuguesa.


Ao retornar ao Brasil, tornou-se uma figura notória na sociedade baiana, mas também polêmica, pois usava sua poesia para satirizar políticos, membros da Igreja e a elite econômica da época. Seu sarcasmo lhe rendeu o apelido de "Boca do Inferno", já que não poupava ninguém em suas críticas.

Exílio e Morte

Devido às suas críticas ferozes, Gregório de Matos se tornou alvo das autoridades coloniais e eclesiásticas. Em 1694, foi deportado para Angola, sob a acusação de perturbar a ordem pública. Após algum tempo, conseguiu retornar ao Brasil, mas foi proibido de voltar à Bahia, sendo enviado para Recife, onde morreu em 1696.

Legado

Apesar de ter vivido há mais de 300 anos, sua obra continua sendo estudada e admirada, pois revelou aspectos sociais, políticos e culturais da Bahia colonial. Sua poesia influenciou gerações posteriores e consolidou-se como um marco da literatura brasileira.




Poesias

A poesia de Gregório de Matos pode ser dividida em três grandes vertentes:

Poesia Sátirica

Essa é a parte mais famosa de sua obra. Ele denunciava a corrupção dos governantes, a exploração dos mais pobres e a hipocrisia da Igreja Católica. Seus versos muitas vezes continham palavras duras e um tom debochado.


Ele descrevia a Bahia colonial como um lugar decadente e sem valores, onde os ricos exploravam os pobres e tudo girava em torno do dinheiro.

Poesia Lírica

Além de sua poesia crítica, Gregório também escreveu versos sobre o amor e o prazer. Nessa vertente, ele oscilava entre um amor idealizado e puro, típico do Barroco, e uma visão sensual e carnal do amor.


Nessa fase, percebe-se a influência do conceito barroco de "dualidade", ou seja, a luta entre o espiritual e o carnal.

Poesia Religiosa

Nos últimos anos de sua vida, Gregório passou a escrever poesias de caráter religioso, refletindo sobre a efemeridade da vida e a busca pela salvação. Ele se mostrou arrependido de sua vida boêmia e pediu perdão a Deus em seus versos.

Obras

Poesia Sátirica

  • "Que falta nesta cidade? (...)
    Verdade
    Que mais por sua desonra? (...)
    Honra"

Poesia Lírica

  • "Anjo no nome, Angélica na cara,
    Isso é ser flor e Anjo juntamente..."

Poesia Religiosa

  • "Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
    Cura o pastor divino a chaga minha."